Cuidados na Gastroenterite
A gastroenterite é uma doença frequente nos meses de verão associada a vómitos, diarreia, dor abdominal e febre. Quais os principais cuidados a ter?
O que é uma gastroenterite?
A gastroenterite é uma doença de curta duração, desconfortável, mas autolimitada, caracterizada por vómitos, diarreia, dor abdominal e febre.
A perda de líquidos e minerais (eletrólitos) costuma ser de pequena quantidade em adultos saudáveis, mas pode ser grave nas crianças e jovens, idosos ou pessoas com outra doença concomitante.
A gastroenterite é uma inflamação do revestimento do trato digestivo (estomago e intestinos) e, na maioria dos casos, deve-se a uma infeção. Contudo pode também ser secundária à ingestão de fármacos ou toxinas químicas, como por exemplo, metais e substâncias derivadas de plantas.
Os vírus são a causa mais comum de gastroenterite sendo os mais frequentes o Norovírus e o Rotavírus.
O que fazer na gastroenterite?
O fundamental é impedir a desidratação. Habitualmente o tratamento necessário para a gastroenterite é repouso e uma ingestão adequada de líquidos.
Na presença de vómitos, após vomitar deve repousar-se cerca de 15 a 30 minutos e em seguida beber a quantidade de líquidos que se conseguir tolerar.
Estes líquidos podem ser água, chá com açúcar ou uma solução de reidratação oral. Se não tolerar a ingestão de qualquer quantidade de líquidos e estiver constantemente a vomitar, deve ser procurada ajuda médica.
As crianças correm risco de desidratar com mais facilidade e, por isso, devem idealmente tomar líquidos com um equilíbrio apropriado de sais e açúcares que encontramos nas soluções de reidratação oral vendidas nas farmácias.
Se a criança apresentar vómitos frequentes, deve ser oferecida a solução de reidratação oral, à colher, no máximo de uma colher de chá de 1 em 1 minuto e durante 4 horas não deve ser oferecido mais nenhum alimento.
Se apresentar diarreia, deve ser dada pequenas quantidades de solução de reidratação oral após cada evacuação.
Na criança a amamentar, a amamentação não deve ser interrompida.
Além do leite, devem ser mantidas também pequenas refeições leves que incluam arroz, pão, batatas, cereais, carne magra, iogurte, fruta (maça, banana, pera) e vegetais (inicialmente sem legumes verdes).
Não devem ser ingeridas comidas gordas nem sumos ou bebidas açucaradas. Se a criança estiver a vomitar ou com pouco apetite, os alimentos devem ser dados em pequenas quantidades e com intervalos curtos, procurando respeitar os gostos da criança.
À medida que os sintomas melhoram, a pessoa pode adicionar alimentos à dieta gradualmente.

Como prevenir a gastroenterite?
A maioria das gastroenterites é transmitida pelo contato pessoal, sobretudo pelo contato direto ou indireto com fezes infetadas. Assim, a lavagem cuidadosa das mãos com água e sabão após defecar é o meio mais eficaz de prevenção.
Para evitar infeções transmitidas por alimentos, as mãos devem ser lavadas antes de tocarem nos alimentos, facas e tábuas para cortar. Os alimentos como fruta, legumes e carne crua devem ser lavados antes do uso.
As carnes e ovos devem ser cozidos completamente e sobras devem ser refrigeradas imediatamente após serem confecionadas. Só devem ser utilizados laticínios se devidamente pasteurizados.
Para prevenir a ocorrência da doença relacionada a águas de recreação, as pessoas com diarreia não devem nadar.
As fraldas de bebês e crianças pequenas devem ser verificadas com frequência e devem ser trocadas. Nadadores devem evitar a ingestão de água durante a natação.
Nos bebés, a amamentação é uma forma simples e eficaz de prevenir a gastroenterite. Os cuidadores devem lavar muito bem as suas mãos com sabão e água antes de preparar o biberão ou trocar a fralda. As áreas de muda da fralda também devem ser desinfetadas.
Uma vez que o uso da maioria dos antibióticos pode aumentar o risco de diarreia, os antibióticos devem ser utilizados apenas quando necessário e nunca em situações em que não terão nenhum efeito (por exemplo, devido a uma infeção viral). O seu uso só deve ser feito após prescrição médica.
Em Portugal existem atualmente duas vacinas contra o rotavírus, que são administradas por via oral, sendo seguras e eficazes. Habitualmente são administradas às crianças antes dos seis meses de vida.
Por: Ana Luís Pereira | Médica de Família