O Sol e os cuidados a ter com a pele

A época balnear e o verão estão à porta. Os dias estão maiores e o Sol faz despertar, mais do que nunca, a vontade de sair de casa. A atenção está virada para as particularidades do momento que atravessamos.

Mas isso não nos deve fazer descurar de outros aspectos como a saúde da nossa pele.

Os benefícios e malefícios do Sol

Os benefícios da exposição ao Sol são imensos. Desde a acção antidepressiva e estimuladora do humor, à regulação do ritmo biológico, ao papel fundamental na síntetize de vitamina D, importante para a formação e manutenção dos ossos assim como outras funções do nosso organismo.

O Sol ajuda assim a prevenir doenças como a depressão, osteoporose, diabetes, alguns tipos de cancro, doenças auto-imunes, entre outras.  

Existe um défice generalizado de vitamnina D na população portuguesa que se especula estar por detrás de uma série de outras doenças e complicações, o que torna importante o seu combate através da exposição solar mais assídua.

No entanto, uma exposição indevida está associada a efeitos deletérios como o envelhecimento cutâneo precoce e o cancro da pele.

Isto deve-se ao facto dos raios solares serem compostos por vários tipos de radiação como a ultravioleta A (UVA) e a B (UVB).

A UVA está associada à perda precoce das propriedades naturais da pele, aquilo a que chamamos de fotoenvelhecimento.

A UVB é o principal responsável pelas queimaduras solares e o aumento do risco de cancro da pele, cuja incidência tem aumentado nos últimos anos.

Não está totalmente esclarecido o que motivou este aumento de casos de cancro da pele.

No entanto, a evidência de que as queimaduras solares estão associadas a um acréscimo significativo do risco de melanoma (o tipo mais grave de cancro da pele) concentrou a atenção na mudança comportamental que houve ao substituir a procura pela sombra nas horas de maior intensidade pela exposição solar deliberada e excessiva, com o intuito de obter uma tonalidade bronzeada.

O bronzeado é uma resposta protetora da pele ao estímulo da luz solar. As celulas produzem mais melanina (o pigmento que a faz escurecer) para que esta absorva mais radiação e evite danificar outras estruturas celulares.

Este processo leva tempo a ocorrer e requer uma exposição repetida e gradual. Bronzear a pele é algo bom e saudável se levado a cabo cautelosamente e não à custa de escaldões sucessivos.

Estima-se que cada episódio de queimadura solar duplica o risco de aparecimento de melanoma.

Como usufruir dos benefícios do Sol de forma segura e saudável?

A exposição solar deve ser evitada nas horas de maior intensidade, das 12h às 16h.

Bronzear a pele deve ser um processo gradual, progredindo de exposições curtas para períodos progressivamente mais longos, permitindo à pele adaptar-se.

Os períodos das 11h às 12h e das 16h às 17h, são considerados de maior risco. Devem ser evitados por quem tem a pele mais sensível (crianças ou pessoas com pele mais clara).

Bebés com menos de 6 meses não podem estar ao Sol e crianças até aos 12 meses não devem estar sujeitas a uma exposição directa. Os danos provocados na infância são irreversíveis e cumulativos, repercutindo-se anos mais tarde.

O uso de protetor solar é fortemente aconselhado. Mesmo durante a exposição indirecta, pois as radiações reflectem nas diferentes superfícies e, embora em menor grau, produzem os mesmos efeitos deletérios.

A sua eficácia na prevenção da queimadura está bem documentada. Daí inferiu-se a sua importância na redução do risco de desenvolver cancro, apesar de estarmos a aguardar estudos que o comprovem.

São recomendados todos os produtos que protejam contra as radiações UVA e UVB, com um factor de proteção (FP) igual ou superior a 30.

O protetor deve ser colocado cerca de 30 minutos antes da exposição e reaplicado no máximo de 2 em 2 horas, assim como após cada mergulho, mesmo que seja resistente à àgua e independentemente do factor de proteção usado.

É importante não esquecer de cobrir os lábios, orelhas e dorso das mãos. Na ausência do protetor solar, recomendada-se o uso de chapéu e roupa que cubra o pescoço, ombros, braços e antebraços.

Devem também ser usados óculos escuros que filtrem radiações ultravioleta, independentemente da cor dos olhos, de maneira a prevenir lesões oculares que podem surgir após anos de dano cumulativo.

Manter a hidratação bebendo frequentemente água ou outros líquidos saudáveis, evita episódios de mal-estar e proporciona as condições ideais para que o organismo e a pele funcionem correctamente.

Um aspecto menos falado é o de que alguns fármacos (antibióticos, anti-hipertensores, anti-inflamatórios) podem ser fotossensibilizantes e desencadeadores de reações do tipo queimadura ou alergia.

Em caso de dúvida, a questão deverá ser colocada ao professional que prescreveu o medicamento.

Desfrute do Sol com confiança e tranquilidade

O Sol é um dos nossos maiores aliados na promoção de saúde e bem-estar. Saber usufruir dos seus benefícios em segurança é uma mais valia indutora de tranquilidade. Por isso siga as recomendações e desfrute.

Por: Luis Seixas | Médico interno de Medicina Geral e Familiar

Calor, Infográfico, Saúde Ambiental

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